18 janeiro, 2013

Feliz 2013!

Estou há um bom tempo longe daqui... mas como esse início de ano foi bem agitado, resolvi passar pra compartilhar um pouco com vcs. Primeiro, virada do ano: na Comunidade Bom Pastor, entre irmãos e amigos. Como sempre, foi muito bom e começamos em oração, o que faz TODA A DIFERENÇA.
E então, depois de uma noite em comunhão, parti pra casa, pensando em descansar.... mas um ônibus não tinha os mesmos planos, e me pegou pelo meio... literalmente. Perda total no carro. E o início de uma saga. Dessa vez, fui pro hospital, mas estava do OUTRO LADO. Paciente. E como é preciso ser paciente! Principalmente na rede pública.

O primeiro atendimento foi no Hospital Municipal Salgado Filho, pois é assim que tem que ser. Os bombeiros te levam sempre pro hospital público mais próximo. Eu já tinha meu pé atrás pois meu pai morreu lá. Infelizmente, meus piores temores se confirmaram. Atendimento péssimo, e estou falando de recursos HUMANOS mesmo. Ou seriam DESUMANOS? Ainda tento entender o que faz alguém escolher uma carreira na área da saúde e tratar a vida humana com tão pouco caso... Resumindo: foram 7 horas em cima da prancha , com colar cervical e head-block, mais 1h30 esperando a liberação para partir para outro hospital. As piores horas da minha vida. Só pra ter uma ideia (senão não acabo hoje): cheguei na sala de trauma, morrendo de dor, às 7h20. O primeiro profissional que se dignou a falar comigo, o fez às 8h30, abrindo um bocejo bem grande na minha cara. Eu estava cheia de vidro do carro embaixo de mim, vários cortes no braço, e em NENHUM MOMENTO houve uma avaliação para saber a extensão das lesões. Horas no corredor, sozinha na prancha, esperando RX. Depois, outra novela para achar um neuro para liberar a retirada do head block e colar cervical para que eu pudesse, finalmente, me sentar. E dor. MUITA DOR. Indescritível dor. Em dado momento, se não tivesse tanta dor e falta de ar, teria me extressado feio com uma dita "enfermeira" daquele setor. Totalmente anti-ética, anti-humana, anti-tudo. Uma grossa. Mas só consegui chorar, não tinha forças. Dois arcos costais fraturados, cortes no ombro e braço esquerdo. Alívio eu senti quando finalmente pude me sentar, pois a esta altura a dor não era só da fratura, mas da coluna toda retesada na prancha por 7 horas. Antes que eu fosse embora daquele purgatório, apareceu, enfim um profissional que honra a carreira que escolheu. Um técnico de enfermagem me trouxe água e resolveu dar uma olhada e fazer um curativo nos meus cortes. Não me lembro o nome dele... aliás, acho que ele nem falou. Era mesmo um anjo. 
E no meio disso tudo outros anjos. Amigos de verdade. Ricardo e Isabelle, que foram prontamente para o local do acidente para que fosse realizado o BRAT enquanto Rodrigo e eu éramos atendidos na ambulância, e levaram nossas coisas pra casa para guardar. Viviane e Fábio, que num total desprendimento (ela grávida de gêmeas no sétimo mês, com as pernas muito inchadas e dores), foram até o hospital e nos ajudaram a resolver tudo para que a liberação fosse mais rápida. Realmente, posso comprovar: amigos de verdade são anjos que Deus envia para nossas vidas, e jamais poderei agradecer como merecem!

Liberação feita, minha mãe nos buscou (porque não tinha ambulância nem do plano de saúde) e levou para o Copa D'Or. Dei entrada pela emergência direto. Lá, mais exames: hemograma, EAS, tomografia de tórax, abdomen e pelve. E dor. Impossível descrever a dor que senti ao precisar deitar para a realização do exame. Mas o atendimento era de outro nível, analgesia, atenção médica e de enfermagem para todos os detalhes. Confirmadas as fraturas de 8º e 9º arcos costais, internação. Quarto simples, um alívio por finalmente poder descansar e me alimentar. Medicação venosa, equipe atenciosa. Como eu já havia trabalhado lá, a notícia correu rápido já no dia seguinte foram muitas visitas "internas". 4 dias de internação transcorreram, alguns mais difíceis, só dormia sentada, e quando tentaram tirar a medicação venosa passei tão mal que tiveram que fazer morfina.  No 5° dia, logo cedo, ao verificar os sinais vitais, queda de saturação: 80%. RX, CTI... fiquei nervosa, chorei. Mas sabia que era necessário. Um hemotórax ocupava 2/3 do meu pulmão direito. Drenagem - 1,4l de sangue. Queda de hematócrito. Quase três dias de CTI. Semi-intensiva. Melhorando aos poucos... no 3° dia o dreno foi retirado. E alta hospitalar após 10 dias. Graças a Deus! 
Durante todo esse tempo, só tenho a agradecer a presença incansável da minha mãe Marli e da minha prima Edith., o apoio do meu namorado Rodrigo, que apesar de muito abalado seguia firme ao meu lado. E, é claro, à dedicação de toda a equipe médica e especialmente de enfermagem da emergência, 10º andar, CTI geral Amarelo, 6° andar (semi intensiva). Não lembro todos os nomes, por isso não citarei para não ser injusta.

Sempre falei que tinha saudades daquele local de trabalho e que queria voltar pra lá, mas não era desse jeito... Isso até virou motivo de piada, pra descontrair. 

Agora estou em casa, me recuperando no aconchego do lar e da família. Minha afilhada Maria Isabel e minha mãe seguem cuidando de mim, me ajudando no necessário.Tenho momentos difíceis, inclusive emocionalmente, mas sigo em frente. Aos poucos vou recuperando capacidade respiratória e amplitude de movimento, seguindo fazendo exames de revisão. Um pouco triste, pois tive que entrar de licença pelo INSS, e não sei por quanto tempo ficarei afastada do trabalho. Mas sei que é necessário e farei tudo certinho, pra logo ficar 100%.

Agradeço a Deus pela vida, a minha e do meu namorado que estava no acidente comigo, e lhe ofereço todas as dores e dificuldades. 

"Não morrerei, ao contrário, viverei, para narrar a Sua bondade entre os povos"...