26 dezembro, 2008

Oração de Natal

Querido Menino Jesus,
Deus e Homem, meu Salvador,

Venho ajoelhar-me, com fé e ternura, diante do teu bercinho, forrado de folhas secas e palha... É o que, de momento, tenho para oferecer-te. Bem sei que tua Mãe, José e os Santos reis têm mil vezes mais para dar-te em resposta à tua vinda e permanência junto a nós. Aliás, tu não esperas nada de nós, além da pobreza de nosso amor. Peço que a Estrela da tua Luz se irradie sobre nós e sobre o Universo, mergulhado em trevas. Dá-nos aquele Amor Pessoal que partilhas com o Pai para podermos amar-te como mereces! Envolve-nos com a climática da tua Paz que transforma a Humanidade e a História. Tu, que és o Caminho, ensina-nos a caminhar pelas trilhas do Bem e do Amor fraterno... em demanda da eternidade feliz. 

Cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid
Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro

25 dezembro, 2008

Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade...

Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade.
Ninguém está excluído da nparticipação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.
Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliá-lo com o seu Criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que antes vencera.
Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: Glória a Deus nas alturas; e anunciam: Paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2, 14). Eles vêem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam?
Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós. E quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo (Ef 2, 5) para que fôssemos nele uma nova criação, nova obra de suas mãos.
Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne.
Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno da tua condição. lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. recorda-te que foste arrancado do poder das trevas e levado para a luz e o reino de Deus.
Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de Cristo.

Dos Sermões de São Leão Magno, papa
(Sermo 1 in Nativitate Domini, 1-3:
PL 54, 190-193)
Ofício das leituras de 25 de dezembro.

24 dezembro, 2008

A verdade brotou da terra e a justiça olhou do alto do céu

Desperta, ó homem: por tua causa Deus se fez homem. Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (Ef 5, 14). Por tua causa, repito, Deus se fez homem. 
Estarias morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias da carne do pecado, se ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a sua misericórdia. Não voltarias à vida, se ele não tivesse vindo ao encontro da tua morte. Terias perecido, se ele não te socorresse. Estarias perdido, se ele não viesse salvar-te.
Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção. Celebremos este dia de festa, em que o grande e eterno Dia, gerado pelo Dia grande e eterno, veio a este nosso dia temporal e tão breve.
Ele se tornou para nós justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, "quem se gloria, glorie-se no Senhor" (1Cor 1, 30-31).
A verdade brotará da terra (Sl 84,12), o Cristo que disse: eu sou a verdade (Jo 14, 6), nasceu da Virgem. E a justiça olhou do alto do céu (cf. Sl 84, 12), porque o homem, crendo naquele que nasceu, é justificado não por si mesmo, mas por Deus. 
A verdade brotou da terra porque o Verbo se fez carne (Jo 1, 14). E a justiça olhou do alto do céu porque todo o dom precioso e toda a dádiva perfeita vêm do alto (Tg 1, 17).
A verdade brotou da terra, isto é, da carne de Maria. E a justiça olhou do alto do céu porque o homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu (Jo 3, 27).
Justificados pela fé, estamos em paz com Deus (Rm 5, 1) porque a justiça e a paz se beijaram (cf. Sl 84, 11) por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo, pois a verdade brotou da terra. Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus (Rm 5, 2). Não disse "de nossa glória", mas da glória de Deus, porque a justiça não procede de nós, mas olha do alto do céu. portanto, quem se gloria não se glorie em si mesmo, mas no Senhor.
Eis por que, quando o Senhor nasceu da Virgem, os anjos cantaram: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2, 14 Vulgata).
Como veio a paz à terra senão por ter a verdade brotado da terra, isto é, Cristo ter nascido em carne humana? Ele é a nossa paz: de dois povos fez um só (cf. Ef 2, 14), para que fôssemos homens de boa vontade, unidos uns aos outros pelo suave vínculo da caridade.
Alegremo-nos com esta graça, para que nossa glória seja o testemunho de nossa consciência, e assim nos gloriaremos, não em nós mesmos, mas no Senhor. Por isso disse o Salmista: Vós sois a minha glória que levanta a minha cabeça (Sl 3, 4). Na verdade, que graça maior Deus poderia nos conceder do que, tendo um único Filho, fazê-lo Filho do homem e reciprocamente fazer os filhos dos homens serem filhos de Deus?
Procurai o mérito, procurai a causa, procurai a justiça; e vede se encontrais outra coisa que não seja a graça de Deus.

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo.
(Sermo 185: PL 38, 997-999)
Ofício das Leituras do dia 24 de dezembro.


Daniel 2, 21-23

"É Ele quem faz mudar os tempos e as circunstâncias; é Ele quem depõe os reis e os enaltece; é Ele quem dá sabedoria aos sábios e talento aos inteligentes. É Ele quem revela os profundos e secretos mistérios, quem conhece o que está mergulhado nas trevas, junto ao qual habita a luz. Ó Deus de meus pais, eu vos exalto e vos louvo, porque vós me destes a prudência e a força, e porque vós nos manifestastes o que vos pedimos".

06 dezembro, 2008

TRANSFORME SUA CRUZ EM FONTE DE BÊNÇÃOS

"Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou". (Jo 13, 1)

Com essas palavras o evangelista João começa o seu relato das últimas horas da vida mortal de Jesus. O caminho que levou o Senhor até ao alto do Calvário foi, sem dúvida alguma, um trajeto de dor e sofrimento, cercado por todos os lados de rancor e ingratidão. Porém, tornou-se um caminho de bênção e salvação porque foi trilhado por Alguém cujo coração jamais se deixou endurecer pela provação. A estrada do Gólgota tornou-se o lugar onde o amor venceu e onde aquilo que antes era derrota e maldição transformou-se em vitória e vida.

Querido irmão, hoje é a sua vez de trilhar o caminho da cruz. Certamente você também se vê, muitas vezes, cercado por ingratidões, incompreensões, injustiças... Cabe a você transformar a estrada diária do Calvário em fonte de graças, percorrendo-a com o coração tomado de amor e perdão. Naquela situação onde tudo parece perdido e o coração é ferido de morte, permita que o Amor vença através de você e transforme suas dores em fonte de salvação e paz.

Um gesto de Jesus nos ensina de modo especial a abraçar a cruz com amor e confiança e transformá-la em fonte de graças. Segundo São João, Jesus deu seus primeiros passos em direção ao Calvário no Cenáculo, ou seja, no lugar onde pela última vez ceou com seus discípulos (Jo 13, 2). Naquela ceia, Jesus consumou, no seu coração, o desejo de entregar tudo por seus amigos: “Isto é o meu corpo, entregue por vós”, “Isto é o meu sangue, derramado por vós”. O corpo ferido de morte na Cruz já havia sido entregue na Ceia; o sangue derramado no Calvário já havia sido oferecido no Cenáculo. Tudo isso Jesus realizou numa festa pascal, ou seja, num momento em que tudo acontecia “em meio a ações de graças”. O primeiro passo em direção à cruz foi dado por Jesus “em ação de graças”, ou seja, num gesto de louvor (daí a palavra Eucaristia – ação de graças – para designar a Ceia do Senhor). Quando aprendemos a caminhar em direção à cruz não praguejando ou amaldiçoando, mas louvando e abençoando nossa vida, nosso coração não se deixa amargar pelo peso da dor.

Muitas vezes se repete na Bíblia a expressão “sacrifício de louvor” (Sl 49, 14; 115, 8). Originalmente, a palavra ‘sacrifício’ significa ‘tornar algo sagrado; tornar algo santo; consagrar’. Ora, ‘sacrifício de louvor’ significa que o louvor que brota do coração nos momentos mais distintos da vida é capaz de santificá-los, consagrá-los, torná-los fonte de bênção. A cruz do Senhor foi fonte e não fim porque foi abraçada por Alguém com o coração grato ao Pai, Alguém que a santificou pelo seu louvor e pela entrega de sua vida.

Amado irmão, o louvor torna santo até o seu sofrimento; o louvor consagra as suas dores; o louvor torna fonte e rio de bênção aquilo que os outros podem considerar o seu fim. Hoje o Espírito Santo está perguntando a você: sua cruz já se tornou fonte ou você ainda pensa que ela é sua derrota? Seu sofrimento já é um sofrimento consagrado ou ainda é um sofrimento amaldiçoado por palavras de rancor e de revolta? Você pode transformar toda essa situação oferecendo ao Pai, com Jesus, o seu sacrifício de louvor. Vamos fazer isso agora?

PAI AMADO, meu coração crucificado quer te louvar agora. Quero transformar minha cruz do dia de hoje em fonte de bênção. Eu te agradeço, meu Deus e meu Pai, porque sei que sempre cuidas de mim. Meu sofrimento é, a partir de agora, um sofrimento consagrado; minhas dores são, a partir de agora, dores santificadas pelo teu Espírito Santo que me ensina a olhar para a cruz não com medo, mas com confiança. Obrigado, Pai querido, porque sei que tenho um encontro marcado contigo nessa cruz que agora se revela aos meus olhos. Ela não vai me afastar de Ti mas, ao contrário, vai me lançar ainda mais nos teus braços de amor. Por tua proteção e teu cuidado na minha vida, Senhor, muito obrigado. Em Nome de Jesus, meu Salvador, abro mão de reclamar, praguejar e amaldiçoar e abraço a cruz de hoje na certeza de que o meu Pai Celestial está comigo. Amém.

 Pe. Antônio José

Fonte: www.riodedeus.com

Como vencer os problemas

Não existe nada mais difícil do que lutar contra alguém que não podemos ver. Como é complicado perseguir aquele que não enxergamos! pior de tudo é descobrir que aquele o qual temos de vencer está dentro de nós. A situação se agrava ao tomarmos conhecimento de que teremos de lutar contra nós mesmos. O Salmo 55, de Davi, mostra bem essa batalha que ocorre em nossa vida: "pois não era um inimigo que me afrontava; então, eu o tyeria suportado; nem era o que me aborrecia que se engrandecia contra mim,porque dele me teria escondido" (Sl 55,12).
Sempre que nos deparamos com problemas visíveis - inimigos que podemos ver - , procuramos o melhor meio para vencê-los. Isso pode acontecer no trabalho, na família, no escritório, na faculdade, etc. Mas, se nossos problemas não podem ser vistos e tocados por estarem dentro de nós (como o medo, a ansiedade ou a saudade), o que devemos fazer para enfrentá-los?
Davi era um homem de guerra, acostumado a superar grandes desafios: venceu o gigante Golias quando pessoa alguma teve coragem de lutar e também ganhou inúmeras batalhas; a Bíblia chega a dizer que ele era sempre vitorioso, pois o Senhor era com ele. Mas, quando Davi, o guerreiro e vencedor, foi traído pelo próprio filho, deparando-se com um problema interno - dentro de sua própria casa -, uma guerra se travou em seu íntimo, e podemos observá-lo proferindo as seguintes palavras: "o meu coração está dorido dentro de mim, e terrores de morte sobre mim caíram [...] Pelo que disse: ah! Quem me dera asas como de pomba! Voaria e estaria em descanso. Eis que fugiria para longe e pernoitaria no deserto" (Sl 55, 4-7).
O conflito dentro de Davi era tamanho, que ele desejava sumir. Você já passou por isso? Já desejou alguma vez que o tempo voltasse? Glória a Deus, pois o final da história é maravilhoso. Davi mostra de que forma agiu para vencer esse conflito. Veja o que a Palavra declara: "Livrou em paz a minha alma da guerra que me moviam" (Sl 55, 18).
Percebemos que a guerra a qual Davi enfrentava estava em sua alma; era interna. Davi não somente venceu os próprios temores e conflitos, mas também deu uma orientação a todos aqueles que quiseram e querem vencer: "Lança o teu cuidado sobre o SENHOR, e ele te susterá; nunca permitirá que o justo seja abalado" (Sl 55, 22).
Se você estiver em meio a grandes batalhas interiores, não pense que é inferior ou que o Senhor não é contigo. Grandes homens de Deus, no passado, vivenciaram isso também. O que precisamos é colocar os nossos olhos no Pai e, fazendo assim, olhando firmemente para a Sua Palavra, havemos sempre de vencer. Se não lhe bastar a orientação dada por Davi, então leia o que disse Pedro acerca do Cuidado Divino: "Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (IPe 5, 7). 
Querido(a), nunca se esqueça de que o Senhor está ao seu lado; não duvide de que, agindo de acordo com o que nos ensina a Palavra, você pode vencer tudo, inclusive aquilo que é invisível - medo, ansiedade, mágoas e quaisquer outros sentimentos que lutam contra você, a fim de deixá-lo abatido ou fraco.
Firme-se na Palavra de Deus e verá que "a paz do Senhor, que excede todo o entendimento, guardará seu coração e seus sentimentos" (Fp 4, 7).

(Não me lembro o autor deste texto, encontrei-o entre papéis antigos meus, e achei muito bom pra postar aqui, espero que gostem. Se alguém souber a autoria, me avise, para que eu possa colocar os créditos).